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Como Uma Oficina de Frango Está Revolucionando a Economia Local em Lages — e Por Que Isso Importa para Você

Em uma cidade onde o vento corta as ruas como lâmina e o frio abraça os sonhos antes que eles sequer ganhem asas, algo inusitado está acontecendo nos bastidores da economia local de Lages. Enquanto o mundo debate crise alimentar, inflação e desigualdade, um grupo de 11 pessoas — mães, jovens, idosos, desempregados — reúne-se em torno de uma bancada de aço inoxidável, com facas afiadas, termômetros e cadernos de anotações. O que parece uma cena de cozinha profissional é, na verdade, o embrião de uma revolução silenciosa: a Oficina de Processamento de Carne de Frango, promovida pelo **Banco de Alimentos**, em parceria com o **Senar** e apoio da **Secretaria Municipal de Assistência Social**.

Mas por que uma oficina sobre frango — sim, frango — merece destaque em tempos de transformações digitais, inteligência artificial e economia global? A resposta está onde menos se espera: na interseção entre segurança alimentar, **empreendedorismo popular** e **dignidade humana**.

A Fome Não Espera — Nem o Empreendedorismo

Em pleno século XXI, ainda há quem duvide que o ato de cozinhar possa ser um ato político. Mas quando uma oficina ensina não apenas a desossar um frango com precisão cirúrgica, mas também a transformá-lo em patês, embutidos, caldos concentrados e produtos prontos para venda, ela está fazendo muito mais do que ensinar uma receita. Está plantando sementes de autonomia.

A oficina, realizada nos dias 3 e 4 de julho de 2025, com carga horária de 16 horas, foi pensada para beneficiários de programas sociais — especialmente aqueles vinculados aos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Mas seu impacto vai muito além da cozinha. É um laboratório de resiliência, onde cada corte de carne representa uma escolha: entre depender e produzir, entre sobreviver e prosperar.

Por Trás do Frango: Uma Estratégia de Segurança Alimentar

Você já parou para pensar quantos quilos de alimento são desperdiçados diariamente no Brasil? Segundo dados da FAO, cerca de 30% de toda a produção alimentar é perdida antes mesmo de chegar à mesa. Em Lages, o **Banco de Alimentos** atua como um verdadeiro “hospital de resgate” para esses excedentes — e agora, com a oficina, transforma-os em **oportunidades concretas**.

A capacitação não se limita ao processamento. Ela ensina como aproveitar integralmente o frango: desde o fígado até as asas, passando pela pele, que pode virar *cracklings* crocantes. Nada é descartado. Tudo é potencial. Essa filosofia não apenas reduz o desperdício, mas fortalece a **segurança alimentar e nutricional** das famílias participantes.

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Senar e Banco de Alimentos: Uma Parceria que Cozinha Futuros

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) não é novo em iniciativas de capacitação. Mas sua parceria com o Banco de Alimentos em Lages traz um novo matiz: **a urbanização do conhecimento rural**. Sim, porque embora o Senar seja historicamente voltado ao campo, essa oficina prova que técnicas agrícolas e agroindustriais têm espaço — e urgência — nas cidades.

Aqui, o rural e o urbano se encontram na panela. O frango, símbolo da produção avícola catarinense, vira ponte entre dois mundos. E os participantes, antes vistos apenas como “beneficiários”, tornam-se produtores, empreendedores, agentes de mudança.

Do Fogão à Feira: Como Nasce um Microempreendedor Gastronômico

Imagine uma mãe solteira, que antes dependia do Bolsa Família, agora vendendo quibe de frango defumado em uma feira local. Ou um jovem desempregado que transforma seu quintal em uma pequena unidade de produção de caldos artesanais. Isso não é ficção. É o plano B que vira plano A graças a uma oficina aparentemente simples.

A oficina ensina não só técnicas de corte, tempero e conservação, mas também noções básicas de empreendedorismo: precificação, higiene, embalagem, rotulagem e até como se posicionar nas redes sociais. Em um mundo onde o Instagram pode ser tão poderoso quanto um ponto comercial, essa combinação é **explosiva**.

Por Que o Frango? A Escolha Estratégica por Trás do Curso

Você pode se perguntar: por que carne de frango e não carne bovina, suína ou até vegetais? A resposta é prática, econômica e cultural. O frango é:

Mais acessível: custa menos por quilo que outras carnes.
Mais versátil: adapta-se a inúmeros pratos e técnicas.
Mais rápido de produzir: do ovo ao abate, leva cerca de 45 dias.
Mais presente na dieta brasileira: segundo o IBGE, o brasileiro consome em média **45 kg de frango por ano**.

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Além disso, Santa Catarina é o maior produtor de frango do Brasil, com Lages inserida nesse ecossistema produtivo. Aproximar o consumidor final do processo produtivo não só empodera, como **reduz a dependência de intermediários**.

A Cozinha como Espaço de Resistência Social

Mais do que um local de preparo de alimentos, a cozinha é, historicamente, um espaço de resistência. Nas senzalas, nas periferias, nas casas de mulheres que sustentavam famílias inteiras com um fogão e um pouco de criatividade, a cozinha sempre foi um território de **invenção e sobrevivência**.

Essa oficina resgata essa tradição — mas com um upgrade: conhecimento técnico, normas sanitárias e visão de mercado. Não se trata de improvisar, mas de **profissionalizar o improviso**.

Redução de Desperdício: A Lição Mais Importante da Oficina

Um dos pilares da oficina é a valorização integral do alimento. Enquanto supermercados descartam frangos com pequenas imperfeições, os participantes aprendem a transformar essas “sobras” em produtos gourmet. O pescoço vira caldo. O fígado, patê. As carcaças, base para molhos.

Essa mentalidade não só gera renda, mas muda a relação com o alimento. Deixa de ser um bem descartável e passa a ser um recurso precioso — algo que, em tempos de escassez climática e crise hídrica, é mais relevante do que nunca.

Empreendedorismo com Propósito: Quando o Lucro Vem com Consciência

O curso não promete enriquecimento rápido. Pelo contrário: ensina que empreender com alimentos é um ato de responsabilidade. Cada produto feito em casa carrega consigo a obrigação de ser seguro, saudável e honesto.

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Essa abordagem cria uma nova geração de microempreendedores que não veem o lucro como fim, mas como meio para dignidade, autonomia e impacto comunitário. E isso é raro — e poderoso.

O Papel do Poder Público: Facilitador, Não Salvador

É fácil cair na armadilha de acreditar que o Estado deve “salvar” as pessoas. Mas a verdadeira inovação social acontece quando o poder público cria condições para que as pessoas se salvem sozinhas. É exatamente isso que a Secretaria de Assistência Social de Lages está fazendo.

Ao oferecer infraestrutura, parcerias e formação técnica, o município não dá peixe — ensina a pescar, limpar, filetar, temperar e vender. E, mais importante: **ensina a acreditar**.

Histórias Reais: Quem Está Por Trás dos Aventais

Conheça Maria, 48 anos, moradora do bairro São Cristóvão. Mãe de três filhos, desempregada há dois anos, ela participou da oficina com ceticismo. “Pensei: o que vou fazer com frango além de fritar?”, conta. Hoje, já planeja vender *nuggets caseiros* congelados para vizinhos. “Vou começar com 20 por semana. Se der certo, compro uma seladora.”

Ou João, 22, que largou o curso técnico por falta de recursos. “Aprendi a fazer linguiça de frango com especiarias. Quero vender na feira do centro. Meu avô criava frango no interior — agora vou continuar o legado dele, mas na cidade.”

São histórias como essas que mostram: a transformação começa com um corte de faca.

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O Modelo de Lages Pode Ser Replicado em Todo o Brasil?

Absolutamente. A oficina de processamento de carne de frango é escalável, replicável e adaptável. Pode ser feita em qualquer cidade com acesso a frango, água, energia e vontade política. Basta:

– Parceria entre assistência social e entidades de formação (como Senar, Sebrae, Sesc).
– Espaço físico com condições mínimas de higiene.
– Instrutores qualificados.
– Acesso a matéria-prima (que pode vir de doações, excedentes ou cooperativas).

O segredo não está na complexidade, mas na intencionalidade.

Além do Frango: O Que Vem Depois?

A oficina de frango é apenas o primeiro passo. O Banco de Alimentos já planeja novas capacitações: processamento de legumes, produção de pães integrais, fabricação de doces com frutas da estação. A ideia é criar um **ecossistema de segurança alimentar e geração de renda** que se autoalimente.

E, quem sabe, em breve, Lages tenha sua própria cozinha comunitária certificada, onde ex-alunos da oficina possam produzir legalmente e vender em larga escala.

Os Desafios: Da Cozinha Doméstica à Legalização

Empreender com alimentos em casa é um caminho cheio de obstáculos. A principal barreira? A burocracia sanitária. Muitos microempreendedores não sabem como obter o **alvará da vigilância sanitária** ou se enquadram na Lei da Microempresa Individual (MEI).

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Por isso, a próxima etapa lógica é oferecer orientação jurídica e contábil gratuita, em parceria com o Sebrae ou universidades locais. Sem isso, o risco é que o entusiasmo se esvazie diante de papéis e multas.

A Lição Mais Profunda: Comida é Dignidade

No final das contas, o que essa oficina realmente ensina não é sobre frango. É sobre dignidade. Sobre olhar para um alimento e ver não apenas calorias, mas **possibilidades**. Sobre entender que, mesmo em tempos sombrios, é possível **criar valor a partir do que se tem**.

E talvez seja essa a mensagem mais urgente para o Brasil de hoje: não precisamos esperar por milagres. Precisamos de facas afiadas, mãos dispostas e corações corajosos.

Conclusão: Um Frango Pode Mudar o Mundo?

Talvez não o mundo inteiro. Mas com certeza pode mudar um mundo — o mundo de quem o prepara, o vende, o compartilha. Em Lages, o frango deixou de ser apenas um ingrediente. Tornou-se **símbolo de esperança prática**, de empreendedorismo com raízes, de economia solidária em ação.

Enquanto governos discutem macroeconomia, nas cozinhas de Lages, uma revolução silenciosa cozinha o futuro — um frango de cada vez.

Perguntas Frequentes (FAQs)

1. Quem pode participar das oficinas do Banco de Alimentos em Lages?
As oficinas são voltadas prioritariamente a beneficiários dos programas sociais municipais, como os usuários dos CRAS, mas também podem ser abertas à comunidade mediante inscrição e critérios de vulnerabilidade social definidos pela Secretaria de Assistência Social.

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2. É possível vender os produtos feitos em casa após a oficina?
Sim, desde que o empreendedor cumpra as normas sanitárias locais. Em muitos casos, é possível se enquadrar na categoria de “alimentos artesanais” ou obter o MEI com atividade de produção de alimentos, facilitando a comercialização legal em feiras e redes sociais.

3. O Senar só atua no meio rural?
Embora o Senar tenha origem no setor rural, suas ações de capacitação têm se expandido para áreas urbanas, especialmente em parcerias com prefeituras e entidades sociais, visando promover a geração de renda e a segurança alimentar em contextos diversos.

4. Como o Banco de Alimentos consegue a matéria-prima para as oficinas?
O Banco de Alimentos recebe doações de supermercados, indústrias, produtores rurais e campanhas de arrecadação. Esses alimentos, muitas vezes descartados por questões estéticas ou de validade próxima, são reaproveitados em oficinas e distribuições.

5. Essa oficina gera certificação profissional?
Sim. Os participantes recebem certificado de conclusão com carga horária reconhecida, emitido em parceria com o Senar. Esse documento pode ser usado para comprovar qualificação em processos seletivos, editais públicos ou na formalização de negócios.

Para informações adicionais, acesse o site

‘Este conteúdo foi gerado automaticamente a partir do conteúdo original. Devido às nuances da tradução automática, podem existir pequenas diferenças’.
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