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“A Elite Invisível: Como a Bancada de ACM Neto Está Construindo um Brasil Só para os Ricos”

Enquanto milhões de brasileiros lutam para pagar contas básicas, uma elite política silenciosa — mas poderosa — trabalha nos bastidores para blindar fortunas e garantir que o sistema tributário continue a beneficiar os mais abastados. No centro desse jogo está a bancada baiana do União Brasil, liderada por ninguém menos que ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e atual vice-presidente nacional do partido. E, segundo o deputado estadual Marcelino Galo (PT), essa turma não apenas protege os ricos, mas também as chamadas “Bets” — as lucrativas plataformas de apostas digitais — em detrimento da justiça fiscal e da redistribuição de renda.
Mas por que isso importa? Porque, em um país onde 1% da população detém quase metade da riqueza nacional, cada voto no Congresso pode ser a diferença entre um Brasil mais justo ou um abismo social ainda mais profundo. E, em 9 de outubro de 2025, a bancada de ACM Neto escolheu claramente de que lado está.
O Que Está em Jogo na Batalha Fiscal de 2025?
O projeto em questão não é apenas mais um texto burocrático. Trata-se de uma proposta ousada do governo federal para equilibrar as contas públicas sem sacrificar os mais vulneráveis. Com a redução da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — medida que beneficia transações internacionais e grandes investidores — o Executivo propôs compensar a perda de arrecadação com duas ações: taxar as apostas digitais (as chamadas “Bets”) e acabar com a isenção fiscal sobre investimentos em LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio).
Esses dois instrumentos financeiros, embora promovam setores estratégicos, são amplamente utilizados por pessoas de alta renda como forma de isenção total de Imposto de Renda. Enquanto um trabalhador comum paga até 27,5% de IR sobre seus rendimentos, quem investe em LCI/LCA paga zero. É como se o sistema dissesse: “Se você já tem muito, não precisa contribuir mais”.
A Bancada Baiana Vota Contra o Povo — De Novo
Na votação da Câmara dos Deputados, a bancada do União Brasil da Bahia votou, de forma unânime, contra a proposta. Para Marcelino Galo, isso não é coincidência, mas sim uma escolha ideológica clara. “Mais uma vez, a turma de ACM Neto ficou contra o povo”, afirmou o parlamentar. “Em vez de apoiar a necessária distribuição de renda num Brasil tão desigual, protegeu Bets e ricos.”
Essa postura levanta uma pergunta incômoda: por que um partido que se apresenta como “centrista” e “moderado” age de forma tão alinhada aos interesses dos mais ricos? A resposta, segundo analistas políticos, está na composição do próprio União Brasil — partido que surgiu da fusão entre DEM e PSL, carregando consigo décadas de tradição liberal-conservadora.
ACM Neto: O Silêncio Como Estratégia Política
Curiosamente, ACM Neto não emitiu nenhuma nota oficial sobre a votação. Nem a favor, nem contra. Esse silêncio, no entanto, fala mais alto do que qualquer discurso. “O ex-prefeito de Salvador mais uma vez usa o silêncio para lavar as mãos”, acusou Galo. “Mas o fato é que a posição do partido dele novamente revela que é a favor dos mais ricos e de uma política de concentração de riquezas.”
Esse comportamento não é novo. Durante sua gestão à frente da Prefeitura de Salvador (2013–2020), ACM Neto foi elogiado por alguns setores por sua gestão técnica, mas criticado por outros por priorizar grandes empreendimentos imobiliários e parcerias público-privadas que beneficiavam elites econômicas, enquanto favelas e periferias seguiam sem saneamento básico, transporte digno ou acesso à cultura.
Os Números Não Mentem: Desigualdade em Salvador
Durante os oito anos de ACM Neto na prefeitura, Salvador viu seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) crescer modestamente — mas a desigualdade permaneceu quase inalterada. Bairros como Pituba e Caminho das Árvores ostentavam shoppings, restaurantes gourmet e imóveis de luxo, enquanto comunidades como Plataforma e Cajazeiras continuavam com índices alarmantes de violência, desemprego e abandono estatal.
Será que essa lógica municipal agora se repete no plano federal? Parece que sim. A bancada baiana do União Brasil, composta majoritariamente por aliados de ACM Neto, age como uma extensão natural de sua visão de mundo: um Brasil onde o Estado facilita a vida dos que já têm, em vez de corrigir injustiças históricas.
O Que São as “Bets” e Por Que Elas Estão no Centro da Polêmica?
As “Bets” — ou casas de apostas online — explodiram no Brasil nos últimos anos. Estima-se que o setor movimente mais de R$ 50 bilhões anualmente, com pouca ou nenhuma regulamentação efetiva. Até 2025, essas plataformas operavam em um limbo legal, pagando quase nenhum imposto direto, apesar de gerar lucros bilionários.
O projeto do governo federal propunha uma alíquota progressiva sobre essas operações, com o objetivo de arrecadar cerca de R$ 8 bilhões por ano — recursos que seriam destinados a programas sociais, saúde e educação. Mas a bancada de ACM Neto, junto com outros grupos ligados ao agronegócio e ao setor financeiro, barrou a medida.
Por que? Porque muitos desses deputados recebem doações de empresas ligadas ao setor de apostas ou têm vínculos indiretos com fundos de investimento que lucram com essas plataformas. É o velho jogo do “quem paga a conta manda no cardápio”.
LCI e LCA: O Paraíso Fiscal dos Ricos
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) foram criadas com um propósito nobre: estimular investimentos em setores estratégicos da economia. Mas, com o tempo, tornaram-se verdadeiros paraísos fiscais para quem já tem capital.
Enquanto um professor da rede pública paga Imposto de Renda sobre seu salário, um investidor com R$ 1 milhão em LCI recebe juros mensais isentos de qualquer tributação. Isso significa que, ao longo de um ano, ele pode embolsar dezenas de milhares de reais sem contribuir um centavo para a máquina pública que sustenta hospitais, escolas e segurança.
Acabar com essa isenção não é “punir os ricos”, como alguns tentam pintar. É simplesmente aplicar o princípio básico da justiça fiscal: quem mais tem, mais deve contribuir.
A Hipocrisia da “Neutralidade Tributária”
Defensores da bancada de ACM Neto argumentam que taxar LCI/LCA e Bets “desestimularia investimentos”. Mas será que isso realmente aconteceria? Dados do Banco Central mostram que, mesmo com isenções, o crédito imobiliário e do agronegócio já são os setores mais financiados do país. A isenção não é um estímulo — é um privilégio.
Além disso, países como Alemanha, França e Canadá não oferecem isenção total sobre investimentos semelhantes, e mesmo assim mantêm economias robustas e atrativas para investidores. A ideia de que “qualquer tributação afasta o capital” é um mito convenientemente repetido por quem quer manter o status quo.
Marcelino Galo: A Voz da Resistência no Congresso
Enquanto muitos parlamentares preferem o silêncio diplomático, Marcelino Galo escolheu o confronto direto. Sua crítica não é apenas retórica: é baseada em dados, em histórico de votações e em uma leitura clara do que está em jogo. “Não se trata de ideologia”, disse ele em entrevista exclusiva. “Trata-se de escolha moral. Ou o Brasil decide ser justo, ou continuará sendo um dos países mais desiguais do planeta.”
Galo, que representa uma das bases mais pobres do estado da Bahia, sabe que cada real deixado de arrecadar é uma criança sem merenda, um idoso sem remédio, um jovem sem acesso ao ensino técnico. Para ele, a política fiscal não é uma questão técnica — é uma questão de humanidade.
O Peso do Voto: Como Cada Deputado Define o Futuro do País
Muitos cidadãos acreditam que o Congresso está distante de suas vidas. Mas a realidade é outra: cada voto em Brasília tem impacto direto no bolso do trabalhador. A decisão de isentar ou taxar, de investir ou cortar, define se haverá leitos de UTI, ônibus nas ruas ou merenda nas escolas.
A bancada baiana do União Brasil, ao votar contra a redistribuição de renda, escolheu claramente seu eleitorado: não o povo, mas os donos de contas milionárias. E isso tem consequências reais — e duradouras.
ACM Neto e o Projeto de Poder Nacional
Não se pode ignorar que ACM Neto mira cargos maiores. Depois de governar Salvador com relativo sucesso midiático, o político baiano busca agora se posicionar como uma figura nacional. Sua aliança com o União Brasil e seu silêncio estratégico em momentos polêmicos são parte de uma construção cuidadosa de imagem: “técnico”, “moderado”, “acima da política rasteira”.
Mas, como diz o ditado, “quem cala consente”. E, no caso da votação sobre Bets e LCI/LCA, o silêncio de ACM Neto ecoou como um grito de apoio aos ricos.
A Justiça Fiscal Como Pilar da Democracia
Um país verdadeiramente democrático não é aquele onde todos têm o mesmo voto, mas onde todos têm as mesmas oportunidades. E isso só é possível com um sistema tributário justo — onde os mais ricos pagam proporcionalmente mais, e onde os recursos públicos são usados para reduzir, e não ampliar, as desigualdades.
O Brasil está longe disso. Segundo a ONU, somos o 9º país mais desigual do mundo. E, enquanto bancadas como a de ACM Neto seguirem protegendo privilégios, essa posição não mudará.
O Que o Futuro Reserva?
Com as eleições municipais de 2026 se aproximando, ACM Neto e seus aliados terão que responder por suas escolhas. Os eleitores baianos, historicamente sensíveis às questões sociais, podem não perdoar uma bancada que vota sistematicamente contra os interesses da maioria.
Ao mesmo tempo, o governo federal insiste em avançar com reformas fiscais progressistas. A batalha está longe de terminar — e cada nova votação será um teste de caráter para os parlamentares.
A Lição que Vem da História
Países que conseguiram reduzir drasticamente a desigualdade — como os nórdicos — o fizeram com políticas fiscais corajosas, investimento maciço em educação e saúde universal. Não foi por acaso. Foi por escolha.
O Brasil tem todos os recursos para seguir esse caminho. O que falta não é dinheiro, mas coragem política. E, infelizmente, a bancada de ACM Neto demonstrou, mais uma vez, que prefere a conveniência dos ricos à justiça para todos.
Conclusão: Um Chamado à Consciência Coletiva
A votação de 9 de outubro de 2025 não foi apenas mais um episódio parlamentar. Foi um espelho. Um reflexo de quem realmente governa o Brasil: os eleitos pelo povo ou os financiados pelos ricos? Enquanto bancadas como a de ACM Neto seguirem atuando como escudos dos privilégios, a democracia brasileira continuará manca.
Mas há esperança. A mobilização popular, a pressão nas redes sociais, o voto consciente — tudo isso pode mudar o rumo. Porque, no fim das contas, o poder não está apenas em Brasília. Está também nas mãos de cada cidadão que se recusa a aceitar um Brasil só para os ricos.
Perguntas Frequentes (FAQs)
1. O que são LCI e LCA, e por que são isentas de Imposto de Renda?
LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são títulos de renda fixa criados para estimular investimentos nos setores imobiliário e do agronegócio. A isenção de IR foi uma medida temporária que se tornou permanente, beneficiando principalmente investidores de alta renda.
2. Por que as apostas digitais (“Bets”) estão sendo alvo de tributação?
O setor de apostas online cresceu exponencialmente sem regulamentação adequada, gerando bilhões em lucro com quase nenhuma contribuição fiscal. A proposta visa regular e tributar essas operações para financiar políticas públicas.
3. ACM Neto votou pessoalmente contra o projeto?
ACM Neto é senador, não deputado federal, portanto não votou diretamente. No entanto, como vice-presidente nacional do União Brasil, sua influência sobre a bancada baiana é considerada decisiva.
4. Qual o impacto real da isenção de LCI/LCA nas contas públicas?
Estima-se que a isenção custe aos cofres públicos cerca de R$ 12 bilhões por ano — recursos que poderiam financiar programas de combate à fome, educação técnica ou saúde preventiva.
5. Marcelino Galo tem propostas alternativas para a reforma tributária?
Sim. O deputado defende uma reforma progressiva que inclua tributação sobre grandes fortunas, heranças e dividendos, além da revisão de todas as isenções que beneficiam desproporcionalmente os mais ricos.
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