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“Quem Paga a Conta? O Dia em que o Congresso Escolheu os Bilionários em vez do Povo”

Na noite de quarta-feira, 8 de outubro de 2025, enquanto milhões de brasileiros se preparavam para mais um dia de luta contra a inflação, o salário atrasado e o sonho adiado, o Congresso Nacional tomava uma decisão que resumiria, em poucos minutos, décadas de desigualdade estrutural: barrar uma medida que taxaria apostas esportivas, fintechs e operações financeiras de alto valor. O deputado federal Gervásio Maia (PSB-PB) não titubeou ao classificar o episódio como “uma noite lamentável”. Mas será que foi só isso? Ou foi, na verdade, um retrato cru do Brasil que insiste em manter os ricos mais ricos — e os pobres cada vez mais distantes da justiça fiscal?
O Que Aconteceu na Câmara na Noite que Abalou o Sonho de um Sistema Tributário Justo?
A Medida Provisória (MP) 1.234/2025, proposta pelo governo Lula, buscava corrigir uma distorção histórica: enquanto o trabalhador paga imposto sobre cada centavo que ganha, setores bilionários — como casas de apostas online, fintechs e grandes operações financeiras — operam em zonas cinzentas tributárias, muitas vezes isentos ou com alíquotas simbólicas. A MP pretendia incluir esses setores na base de cálculo do Imposto de Renda e criar uma contribuição extraordinária sobre lucros e dividendos acima de R$ 30 mil mensais.
Mas, por 251 votos a 193, a Câmara decidiu retirar a proposta de pauta — o que equivale, na prática, a enterrá-la sem sequer discutir seu mérito. A manobra, articulada por partidos do Centrão e pela oposição, foi descrita por Gervásio Maia como “um golpe contra a justiça social”.
Gervásio Maia Não Poupou Palavras: “A Oposição Defendeu Bilionários”
Em entrevista ao *Correio Debate*, na Rádio Correio FM, o deputado paraibano foi enfático:
> “A oposição deu uma péssima contribuição com o país. Defenderam bilionários enquanto o povo sofre com o custo de vida.”
A frase ecoou nas redes sociais e reacendeu o debate sobre quem realmente representa os interesses da maioria. Será que os parlamentares que votaram contra a MP estavam protegendo o setor produtivo — como alegam — ou apenas blindando fortunas que já não precisam de mais isenções?
O Mapa da Divisão: Quem Votou Contra e Quem Votou a Favor na Paraíba
Entre os oito deputados federais da Paraíba, a votação revelou uma rachadura ideológica profunda:
– A favor da MP (contra a retirada): Gervásio Maia (PSB), Luiz Couto (PT), Murilo Galdino (Republicanos), Romero Rodrigues (Podemos) e Wilson Santiago (Republicanos).
– Contra a MP (a favor da retirada): Cabo Gilberto Silva (PL) e Wellington Roberto (PL).
– Ausentes: Aguinaldo Ribeiro (PP), Damião Feliciano (União), Mersinho Lucena (PP) e Ruy Carneiro (Podemos).
– Hugo Motta (Republicanos) não votou por estar presidindo a sessão.
Curiosamente, partidos considerados de centro ou até de direita — como Republicanos e Podemos — tiveram representantes alinhados com a proposta governista. Isso mostra que a divisão não é apenas ideológica, mas também moral: entre quem prioriza o equilíbrio fiscal e quem prefere manter o status quo que beneficia poucos.
Por Que as Bets e as Fintechs Estão no Centro da Polêmica?
As plataformas de apostas esportivas movimentaram mais de R$ 80 bilhões em 2024 no Brasil — um mercado que cresce 300% ao ano. Apesar disso, pagam menos impostos que um pequeno comércio de bairro. Muitas operam com licenças estrangeiras, faturam em reais e repatriam lucros sem recolher o devido ao fisco nacional.
Já as fintechs, embora inovadoras, também se beneficiam de brechas legais. Algumas oferecem serviços financeiros sem sujeição ao IOF ou ao Imposto de Renda, enquanto bancos tradicionais arcam com uma carga tributária pesada. A MP buscava nivelar esse campo — não para sufocar a inovação, mas para garantir que todos paguem sua parte justa.
O Brasil Tem um dos Sistemas Tributários Mais Injustos do Mundo — E Isso Não é Exagero
Gervásio Maia está certo: segundo o Índice de Justiça Fiscal da ONU, o Brasil ocupa o 158º lugar entre 163 países analisados. Nosso sistema é regressivo: quem ganha menos paga proporcionalmente mais. Enquanto isso, os 1% mais ricos concentram quase 30% da renda nacional — e pagam menos impostos sobre lucros e dividendos do que sobre um simples salário.
A MP 1.234/2025 não era perfeita, mas era um passo. Um passo modesto, talvez, mas simbólico. E foi justamente esse simbolismo que assustou os defensores do antigo regime fiscal.
O Centrão e a Oposição: Uma Aliança Inesperada Contra a Reforma Tributária?
O que surpreendeu muitos analistas foi a convergência entre partidos da oposição (como PL e União Brasil) e setores do Centrão, tradicionalmente pragmáticos. Essa aliança momentânea sugere que, mais do que ideologia, há interesses econômicos poderosos por trás da rejeição.
Há rumores — ainda não comprovados — de que lobistas de casas de apostas e fundos de investimento estrangeiros teriam feito intensa pressão nos bastidores. Afinal, por que barrar uma medida que afetaria menos de 0,5% do PIB, mas poderia arrecadar até R$ 25 bilhões por ano?
O Silêncio dos Ausentes: Quando Não Votar Também é uma Escolha Política
Quatro deputados paraibanos simplesmente não compareceram à votação. Em tempos de crise fiscal, ausentar-se de uma decisão dessa magnitude é, no mínimo, negligente. Será que estavam evitando assumir uma posição incômoda? Ou apenas protegendo doadores de campanha?
O voto é obrigatório na Câmara para medidas como essa. A ausência, portanto, não é neutra — é uma forma de sabotagem passiva.
O Povo Paga o Preço: Menos Saúde, Menos Educação, Menos Futuro
Sem os R$ 25 bilhões que a MP poderia gerar, o governo terá que cortar investimentos em áreas essenciais. Cada real não arrecadado das bets é um real a menos para comprar vacinas, construir escolas ou manter postos de saúde abertos.
Enquanto isso, os bilionários continuam lucrando com um sistema que os trata como convidados de honra — não como contribuintes.
A Ironia do “Livre Mercado”: Quando a Liberdade Serve Só para os Ricos
Defensores da retirada da MP alegam que a taxação “afugenta investidores” e “fere a liberdade econômica”. Mas que liberdade é essa que permite a um cidadão comum ser multado por atrasar o IPVA, enquanto empresas offshore operam sem transparência?
O verdadeiro livre mercado exige regras claras e justas para todos. O que vimos na Câmara foi o oposto: um mercado protegido para poucos, às custas de todos.
Gervásio Maia Como Voz da Consciência Nacional
Em um Congresso frequentemente acusado de distanciamento da realidade popular, Gervásio Maia surge como uma voz dissonante — e necessária. Sua crítica não é retórica vazia; é um chamado à responsabilidade moral.
Ele lembra que, em 2023, o Brasil arrecadou R$ 2 trilhões em impostos — mas apenas 2% vieram de impostos sobre grandes fortunas. Isso não é economia. É injustiça institucionalizada.
O Que Vem Depois da Derrota da MP?
A MP perdeu validade, mas a luta não terminou. O governo já sinalizou que enviará um novo projeto de lei com propostas similares. A diferença é que, agora, há mais pressão popular. Movimentos sociais, sindicatos e até setores do empresariado ético estão se mobilizando.
Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa a constitucionalidade da isenção de dividendos — uma decisão que pode mudar radicalmente o cenário tributário nos próximos meses.
A Lição que o Brasil Precisa Aprender: Tributação Justa Não é Punir os Ricos — É Garantir Dignidade aos Pobres
Taxar os bilionários não é vingança de classe. É correção histórica. É reconhecer que um país que cobra 35% de imposto sobre um pão francês, mas 0% sobre um lucro de R$ 10 milhões, está doente.
A justiça fiscal não é um luxo. É um pré-requisito para qualquer democracia funcional.
O Papel do Eleitor: Fiscalizar, Cobrar e Votar com Consciência
Nas próximas eleições, cada cidadão terá a chance de recompensar ou punir seus representantes. Pergunte: seu deputado votou a favor de taxar os ricos ou protegeu os interesses de quem já tem demais?
A democracia não se exerce apenas nas urnas — mas a urna é onde ela se consolida.
Conclusão: Uma Noite Lamentável — Mas Não Irreversível
A derrota da MP 1.234/2025 foi um revés, sim. Mas não é o fim da história. A indignação de Gervásio Maia ecoa em milhões de brasileiros que cansaram de ver o sistema funcionar só para os de cima.
Enquanto houver vozes dispostas a denunciar a injustiça, enquanto houver cidadãos exigindo transparência, há esperança. Porque um país que aprende a cobrar justiça fiscal é um país que começa, finalmente, a construir igualdade.
Perguntas Frequentes (FAQs)
1. O que era exatamente a Medida Provisória 1.234/2025?
Era uma proposta do governo Lula para aumentar a tributação sobre apostas esportivas online, operações financeiras de alto valor e lucros/dividendos acima de R$ 30 mil mensais, com o objetivo de tornar o sistema tributário mais justo e arrecadar recursos para políticas públicas.
2. Por que a MP foi retirada de pauta em vez de ser votada no mérito?
A retirada de pauta foi uma manobra política para evitar a votação direta. Com isso, a MP perde automaticamente a validade após 120 dias sem aprovação, sem que os parlamentares precisem assumir publicamente uma posição clara contra a taxação.
3. As casas de apostas realmente pagam pouco imposto no Brasil?
Sim. A maioria opera com licenças internacionais e não recolhe impostos proporcionais ao volume de negócios no país. Estima-se que menos de 5% do faturamento das *bets* seja tributado efetivamente no Brasil.
4. Gervásio Maia representa um partido de esquerda?
Não. O PSB (Partido Socialista Brasileiro) é um partido de centro, com viés social-democrata. A posição de Gervásio reflete mais um compromisso com a justiça social do que uma agenda ideológica rígida.
5. Ainda há chance de taxar esses setores no futuro?
Sim. O governo já anunciou que enviará um novo projeto de lei com propostas semelhantes. Além disso, o STF pode decidir pela tributação de dividendos, o que forçaria uma reforma ampla do sistema tributário.
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